domingo, 29 de novembro de 2009

GESTAR II_LÍNGUA PORTUGUESA: RESENHA CRÍTICA

BREVE SÍNTESE
O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar tem como característica o fato de ser destinado à formação continuada de caráter semipresencial, alicerçada pela educação a distância. O programa está voltado para a formação de professores de Língua Portuguesa e Matemática, que atuam em turmas de 5ª a 8ª séries (6º ao 9º anos) do Ensino Fundamental. Visa melhorar o processo de ensino-aprendizagem, baseando-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais da referida modalidade da Educação Básica.

Em busca de atingir o objetivo a que se propõe, o programa conta com dois atores principais: o professor e o aluno e, consequentemente, envolve todos os segmentos da comunidade escolar. Tal mobilização tem a finalidade de ampliar a competência dos atores envolvidos e, assim, alcançar que a realidade sócio-cultural seja melhor compreendida e permeada.

APRESENTAÇÃO DAS IDÉIAS

No Guia Geral, existem todas as explicações acerca do Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar, desde a sua caracterização até as etapas de implementação.

Para o programa, a formação continuada exige algo além do somatório de cursos, deve ser um momento destinado à análise da relação existente entre as práticas escolares e a proposta pedagógica. Sendo assim, o Gestar II é aberto, “conta com a construção coletiva dos professores, coordenada pelos formadores, o que já exige mudanças de comportamento dos professores”. (MEC/GUIA GERAL, 2008, p. 61)

A proposta do programa é aliar a teoria à prática. Os professores cursistas participarão de estudos individuais e coletivos; entrarão em contato com realidades diferenciadas ou práticas diferenciadas para realidades iguais; farão atividades; atualizarão seus saberes e até elaborarão um projeto. São 300 horas divididas em todos esses momentos de estudos e procedimentos de leitura e criação de textos, já que o texto é considerado como elemento capaz de transformar, problematizar e elaborar conceitos.
Receberão de seu formador e colegas orientações que os levem não só à reflexão do conteúdo em questão, como também (e até de maneira mais contundente) ao debate, à troca de experiências, à criação coletiva da prática em sala de aula, inclusive, resolução de problemas. Portanto, os professores cursistas são convidados a aprender consigo e com o grupo de que fazem parte, tanto no programa como em sua escola, em busca de uma prática diferenciada e inovadora. O professor cursista será, em sua escola, um instrumento de mobilização em prol de mudanças que ofereçam à comunidade escolar um contato direto com um projeto social e educativo dentro da realidade da escola em que ele será desenvolvido.

A formação continuada acontecerá ao longo do ano. Os professores cursistas recebem o material composto por seis cadernos de Teoria e Prática e doze cadernos de Atividades de Apoio à Aprendizagem (06 na versão para professor e 06 para o aluno) e, ainda, um Guia Geral. Serão coordenados por um formador municipal/estadual, o qual é um educador formado para atuar no programa e ser um de seus representantes.

A avaliação do programa envolverá a avaliação de desempenho de alunos e professores cursistas e avaliação institucional. A avaliação para os alunos será realizada processualmente por meio de avaliação diagnóstica no início e ao fim do programa. Os professores cursistas serão avaliados num processo dinâmico que envolve as sessões presenciais, o material produzido, o desempenho em sala de aula e as avaliações de conteúdo. Para a avaliação institucional, todos os envolvidos no programa farão uma autoavaliação e uma avaliação dos demais agentes, evidenciando pontos positivos e pontos a melhorar.

O programa Gestar II tem sua origem e sua realização na sala de aula. É nesse ambiente que aluno e professor se unem e constroem, em conjunto, a aprendizagem, é a fundamentação da teoria sócio-construtivista. O professor é um mediador do processo de ensino-aprendizagem, estimula o aluno, está constantemente aprendendo e não apenas detém os conhecimentos. Os professores cursistas serão estimulados a aprimorar suas práticas em busca da formação desses vínculos: professor-aluno, aluno-aluno.

Nesse processo de realização de aprendizado em sala de aula e de construção de um convívio positivo com o estudo e com a escola, a família é algo essencial. O programa defende a idéia de que os pais devem acompanhar a vida escolar de seus filhos nessa faixa etária em que os alunos se encontram nas turmas de 5ª a 8ª séries (6º ao 9º anos), principalmente, no que ser refere à participação ativa na escola, acompanhando o desenvolvimento de seus filhos e não só cobrando o cumprimento de tarefas e trabalhos escolares.

O currículo do Gestar II – Língua Portuguesa objetiva oferecer ao professor subsídios para que os alunos apreendam habilidades relacionadas à compreensão, interpretação e produção de textos diversos. É uma proposta de letramento do professor e do aluno, que visa levar o aluno a assumir sua posição de cidadão consciente, capaz de analisar as mais variadas situações vividas em sociedade e se manifestar criticamente perante elas.

O material se divide em dois módulos formados por três Cadernos de Teoria e Prática (TP) – que são os planos de aula do Programa Gestar: No Módulo I, serão abordados assuntos referentes à construção da base comunicativa do aluno:
 TP 1: Linguagem e cultura; TP 2: Análise lingüística e análise literária e TP 3: gêneros e tipos textuais.

No Módulo II, serão estudados assuntos relativos à leitura e à produção de textos:
 TP 4: Leitura e processos de escrita I; TP 5: Estilo, coerência e coesão; TP 6: Leitura e processos de escrita II .

Todos os TP foram criados a partir da concepção de que o trabalho com a linguagem pressupõe uma Língua ativa socialmente e comunicativa, na qual os interlocutores agem a partir de sua cultura e história. Sendo assim, o texto é concebido como a materialização dessa interação e o resultado das condições sócio-históricas. Portanto, as atividades de ensino-aprendizagem serão realizadas a partir do texto, das relações intertextuais delineadas pelos aspectos sócio-históricos e culturais.

A cada duas unidades de cada TP, os professores cursistas escolherão uma atividade para ser realizada em sua sala de aula dentro da Parte II : Lição de casa, tal atividade será relatada e entregue ao formador. A Parte III dos TP corresponde às oficinas, que são os encontros presenciais.

Para cada TP, há o caderno de Atividades de Apoio à Aprendizagem (AAA), numa versão para o aluno e noutra para o professor. Nesses cadernos, o professor cursista encontrará situações didáticas que serão aplicadas com seus alunos em sala de aula. As atividades foram construídas com o intuito de que os alunos possam construir e compartilhar hipóteses, trocar idéias, interagir com seus colegas e professor, avaliar seus métodos e conhecimentos e reorganizar continuamente o seu processo de aprendizagem. Todo novo conhecimento apresentado ao aluno está envolvido em um sistema articulado de modo que a reflexão, a postura ativa e a bagagem do aluno sejam elementos fundamentais para que ele chegue ao processo de finalização e síntese.

Embora os AAA sejam um banco de planos de aula para enriquecer as atividades de sala de aula, cada professor tem autonomia para utilizá-los na ordem que julgar mais adequada para a realidade de seus alunos. Tal procedimento exige que o professor tenha a prática da elaboração de planos de aula, para que possa analisar, acompanhar e avaliar todo o processo, não incorrendo no risco de usar as atividades ao acaso.

REFLEXÃO CRÍTICA

Todo o material do Programa Gestar II – Língua Portuguesa, como também toda a implementação do programa representam ações necessárias junto ao público a que se destina. Muito se cobra dentro das escolas aos professores de língua portuguesa quando se fala de leitura e produção de textos. Muitos professores ainda levam a noção de que apenas esses profissionais são os responsáveis pelo bem ler e escrever. Quando o programa mobiliza todos os segmentos da escola, leva essa mensagem, de alguma forma: todos são responsáveis pela formação desses alunos, que inclui não só o letramento, mas também todas as condições para que se façam cidadãos críticos e conscientes de sua atuação na sociedade.
Por outro lado, o programa ajuda os professores a saírem das mesmices das aulas programadas de sempre, do círculo vicioso da reclamação, seja porque a graduação não os habilitou com todos os recursos suficientes para lidar com os alunos dessa época de globalização, seja porque o próprio sistema em que está inserido não favorece ou não estimula a formação continuada. Enfim, o Gestar II – Língua Portuguesa mexe com o professor e, consequentemente, mexerá com toda a escola.

Se os professores cursistas conseguirem trilhar pelo caminho que os encontros presenciais e os estudos nos PT e AAA norteiam, dificilmente não será contagiado pela onda de estímulos para a prática de ensino-aprendizagem de uma Língua viva, capaz de ser vivenciada e estudada em sua produção real, e não simplesmente pela elaboração de frases soltas e de aulas retomadas pela lembrança do aluno mais aplicado.

O programa convida o professor e o aluno a saírem das aulas sem participação ativa, a trocarem a sequência quadro-livro-quadro por uma que se aproxime da ação- questinamento-elaboração-partilha-ação. É um trabalho que pode não parecer fácil, pois mexe com a quebra de muitos paradigmas, mas é nesse ponto que o contato com os colegas e com o formador ajudará, será nesses momentos que ocorrerá a construção desse programa que não se apresenta como um processo fechado, mas em constante elaboração.

Guiana de Brito Sousa Izaías
18/4/2009

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