SOBRE GÊNEROS
(Guiana de Brito Sousa Izaías)
Pelo material lido, fica perceptível o fato de que o estudo de gêneros ainda carece de muita investigação para que se possa, um dia, falar em unanimidade.
Nos textos de Marcuschi, Travaglia, Sobral (e aqui incluo Maria Luiza Coroa) existe uma referência à continuidade de estudos nessa área, visto que a caracterização de gêneros e tipos é complexa e leva, inclusive, à reconstrução de teorias e afirmações. Prova disso é Travaglia mencionar que em estudos anteriores registrava o humor como gênero e agora o evidencia como tipo; outra prova está no texto de Sobral, em que ele aponta suas discordâncias em relação às teorias de Marcuschi.
Quanto à classificação de gêneros, Coroa afirma que não há unanimidade, nem necessidade de classificação dos gêneros, uma vez que eles se apoiam em critérios históricos e culturais. A relevância das classificações é justificada apenas na medida em que distinguem usos e finalidades. Assim a sua opção, ao classificar o gênero de um texto, é por definir de acordo com a finalidade, o suporte a predominância de tipo (nessa ordem), sem ser muito rígida. Para a autora, classificações são apenas instrumentos para compreender o objeto e não devem ser supervalorizadas.
Ainda sobre classificação, tanto Travaglia quanto Sobral chamam a atenção para os conceitos e características de texto e discurso a fim de que se tracem os critérios para se considerar um ou outro e até o gênero existente. Travaglia chega até a considerar prematura a afirmativa de que exista a conjugação de gêneros.
Outra informação interessante é a classificação feita por Sobral, que distingue gênero textual de gênero discursivo e, inclusive, nomeia gêneros textuais como textualizações, textualidade ou forma textual. Para tanto, afirma que Marcuschi se encontra numa transição e que algumas de suas propostas não se coadunam com a teoria bakhtiniana.
Todos os textos lidos trazem informações muito interessantes acerca do estudo de gêneros. Algumas são bastante perceptíveis e fáceis de serem transpostas à prática em sala de aula. No entanto, Sobral traz questionamentos e análises muito contundentes, principalmente, no que se refere às relações entre a teoria de Marcuschi, de Bakhtin e a sua. É Sobral que deixa a sensação de que o estudo sobre gêneros ainda tem que avançar muito para que possa chegar à sala de aula com uma base mais firme e mais direcionada.
Quando Marcuschi, Travaglia e Coroa apresentam suas teorias, deixam uma trilha didática, pistas para o professor começar a alterar a sua abordagem no trabalho com o texto. Já em Sobral, aparecem as dúvidas, o convite ao reelaborar de teorias apresentadas, a variedade de terminologias.
Em mim, fica a sensação de que os livros didáticos ainda terão um longo caminho a percorrer para começarem a demonstrar isso para os alunos. Se a discussão sobre essa temática já está alongada a ponto de se traçarem perfis questionáveis e associações, fica a impressão de que mais longe está o aluno em relação ao ensino a partir de gêneros. Ou seja, será necessário que se esgotem todas as possibilidades de estudo e análise das terminologias envolvidas para que isso já comece a transformar o aprendizado do aluno?
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